segunda-feira, 11 de junho de 2012

Taiti - Grande Campeão!


Começou a Eurocopa, o Campeonato Brasileiro está em andamento, amistosos e jogos pelas eliminatórias para o Mundial do Brasil movimentam a África, América do Sul, América do Norte, Central e Caribe. Em meio a tudo isso, na Oceania acontecia a OFC Nations Cup, competição sediada pela Ilhas Salomão e que dava ao campeão uma vaga na Copa das Confederações, a ser disputada também no Brasil em 2013. Com a saída da Austrália, que passou para a AFC (Confederação Asiática de Futebol) em busca de desenvolvimento, todos cravavam a Nova Zelândia como a favorita disparada. Eis que os neozelandeses não imaginavam tropeçar numa pedra chamada Nova Caledônia. O país que já teve dois jogadores convocados para a seleção francesa cresceu muito nos últimos anos. Na edição passada da competição chegaram até a final, o que por si só já foi surpreendente. Dos jogadores que defenderam o país que os colonizou, Christian Karembeu é o mais famoso deles. Campeão Mundial contra o Brasil em 1998, o volante - que terminou a carreira como zagueiro - vestiu a camisa azul francesa em 51 oportunidades, marcando um gol.

Nascido em Nouméa, o atacante Frédéric Piquionne representou a França nas categorias de base, curiosamente defendeu também a seleção da Ilha da Martinica, país onde também possui origens. Diferente de Karembeu, que nasceu em Lifou, Piquionne obteve mais destaque no âmbito de clubes. Prosperou com as camisas de Lyon, Saint-Etienne e Monaco na França, o que atraiu a atenção dos ingleses do Portsmouth. Por lá, apesar de ter disputado a final da Copa da Inglaterra e ser vice com o Pompey, amargou um rebaixamento. Transferiu-se para o West Ham United, tradicional clube de Londres, não deu sorte e acabou rebaixado novamente. Hoje defende o Doncaster Rovers, recentemente rebaixado para a terceira divisão inglesa.

No grupo A, ao lado de Taiti, Vanuatu e Samoa, os neocaledônios se classificaram em segundo. No confronto direto contra o Taiti, fizeram um dos melhores jogos do torneio, o placar de 4 a 3 sofrido poderia ter sido pior, já que dois jogadores foram expulsos. Os atletas de Fiji, Vanuatu, Nova Caledônia e Ilhas Salomão levam alguma ginga ao futebol neozelandês, muitos deles atuam por lá. Nova Zelândia que tem um estilo de jogo mais europeu, que muito se assemelha à Alemanha do passado. Pela primeira vez na história os samoanos conseguiram se classificar para a fase final do torneio, o que já foi considerado um feito memorável. Evidentemente, ainda há muito o que evoluir nesse esporte chamado futebol, até por isso as goleadas acachapantes já eram esperadas. O 10 a 1 sofrido loga na estreia contra o Taiti evidenciou de forma cruel que ainda falta muito para terem um nível competitivo. As goleadas de 5 e 9 a 0 sofridas respectivamente contra Vanuatu e Nova Caledônia não entusiasmam ninguém. Vanuatu viu seu sonho de chegar até as semifinais acabar logo na primeira rodada, quando tomou de 5 a 2 dos neocaledônios. A goleada contra Samoa citada acima até que deu esperanças, estas que foram enterradas pelo futuro campeão, o Taiti, que fez 4 a 1 impiedosamente. 

O grupo B era formado por Nova Zelândia, Ilhas Salomão, Fiji e Papua Nova Guiné. Favoritos, os All Whites decepcionaram bastante ao conseguirem vitórias apertadas por 1 a 0 e 2 a 1 contra Fiji  e Papua Nova Guiné. Pior, o empate por 1 a 1 contra os anfitriões acendeu o sinal amarelo, por mais que seja compreensível que em casa os salomônicos dificultassem. Como esperado, os donos da casa se classificaram para as semifinais ao lado dos neozelandeses com alguma dificuldade. Vitória magra contra Papua, um empate em 0 a 0 com Fiji e o empate citado contra os favoritos da chave. Tirando o papelão protagonizado pelos samoanos, fijianos, vanuatenses e papuásios fizeram um papel digno dentro de suas limitações. Fijianos ainda lamentam a pouca inspiração de sua dupla de ataque, Roy Krishna e Osea Vakatalesau, que ainda contavam com a ajuda de Maciu Dunadamu, jogador de velocidade que entrava no decorrer das partidas, foi titular numa delas.

Definidos os classificados, o Taiti pegou os donos da casa e venceu pelo placar mínimo, frustrando as expectativas do público local. Que torceu muito para que o craque do time fizesse a diferença, mas Benjamin Totori não conseguiu ser eficaz. Do outro lado, o improvável aconteceu, Nova Zelândia 0 x 2 Nova Caledônia. Os neocaledônios com os atacantes Bertrand Kaï e Jacques Haeku inspirados começaram assustando. Haeku, que foi artilheiro da competição (6 gols) acertou um chute forte na trave. Kaï chama atenção não só pela cabeleira, como também pela velocidade e oportunismo que demonstrou. Foi dele o primeiro gol, após falha da defesa adversária. Os neozelandeses estarrecidos com os que estava acontecendo pressionaram bastante, mandaram no mínimo umas três bolas na trave e sofreram com a cera do adversário. Nesse momento o jogo lembrou e muito a catimba argentina que já funcionou bem contra os brasileiros na Libertadores. Com o apito final, foi só festa no modesto estádio Lawson Toma, em Honiara, que parece mais um campo de várzea do que qualquer outra coisa.

Veja como foram as semifinais nos vídeos abaixo: 

Nova Zelândia x Nova Caledônia




Taiti x Ilhas Salomão




O grande campeão, Taiti (ou Polinésia Francesa) parecia uma família, não só parecia como literalmente os grandes destaques da equipe são irmãos. Alvin, Jonathan e Lorenzo Tehau, ao lado do primo Teaonui foram os principais responsáveis pelos gols do time no torneio. Por mais que Lorenzo e Alvin atuassem mais recuados, quando chegavam ao ataque levavam perigo. Até porque eram muito bem servidos pelo camisa 10 e capitão do time, Nicolas Vallar. A ilha mais importante da Polinésia Francesa também já teve um representante na seleção da França. Pascal Vahirua disputou a Euro 1992 com a camisa azul, seu sobrinho, Marama Vahirua se notabilizou no futebol francês pela velocidade, dribles curtos e precisos. Foram muitos anos com a camisa amarela do tradicional e outrora grande Nantes, entre 1998 e 2004 Marama fez 28 gols pelo clube. Entre 2004 e 2007 honrou a camisa do Nice, onde em 99 jogos balançou as redes 19 vezes. Pelo Lorient, foram 86 jogos e 19 gols em três temporadas no clube. Entre 2000 e 2001 foi convocado para seleção francesa Sub-21, foram 6 jogos e dois gols, ele que também foi eleito o melhor jogador da Oceania em 2005. Depois de uma passagem sem muito brilho pelo Nancy, onde fez apenas 5 gols em 25 jogos, aos 32 anos, Marama se transferiu para o Monaco. 

Bandeira do Taiti


O clube do principado foi rebaixado há uma temporada, estava muito mal e dava toda pinta de cair para a terceira divisão francesa, chamada de National. Após ser comprado por mais um russo cheio da grana, o clube se recuperou e conseguiu ao menos se manter na Ligue 2. Com mais organização, mais grana e podendo se planejar melhor, talvez o clube volte ao seu lugar de direito, que é na Ligue 1. E Marama Vahirua foi um dos responsáveis pela melhora do time, assim como o senegalês Ibrahima Touré, que desembestou a fazer gols e não parava. A grana do bilionário russo Dmitry Rybolovlev foi capaz de atrair alguns jogadores interessantes. Como o holandês Nacer Barazite, o grego Alexandros Tziolis, o belga Nabil Dirar, o hungaro Vladimir Koman, o italiano Andrea Raggi, o nigeriano Rabiu Afolabi e o congolês Chris Malonga, todos eles estavam atuando em clubes da primeira divisão pela Europa.  

Veja como foi a final da Nations Cup:


Só o futebol para proporcionar tais acontecimentos, por isso é o esporte mais incrível que existe, onde nem sempre o melhor vence! É bom lembrar que na Copa de 2010 a Nova Zelândia não perdeu nenhum jogo, Paraguai e Eslováquia se classificaram, deixando os neozelandeses em terceiro e os pífios italianos na lanterna. Para quem quiser saber mais sobre a competição o Bateu é Gol indica o Futebol de Seleções, site referência no segmento. Lá você pode encontrar mais informações sobre tudo que ocorreu na competição. Se você conhece, já sabe da qualidade. Não conhece? Clique aqui e conheça, vale a pena!


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