segunda-feira, 4 de junho de 2012

Itália



Depois de conquistar seu quarto título Mundial em 2006, a Itália passa por um momento difícil no futebol. Não só dentro do campo, como também fora dele. Hoje já sem os craques que foram destaque naquele título, a Squadra Azzurra vem tentando se reformular. E para isso contrataram Cesare Prandelli, treinador que fez ótimo trabalho na Fiorentina. Prova disso é que após sua saída o time de Florença não mais se acertou, inclusive brigando para não cair para a Série B. O trio defensivo Nesta-Cannavaro-Maldini deixa muita saudade para o torcedor amante deste esporte. Assim como a dupla ofensiva Del Piero-Totti e o goleiro Francesco Toldo. Felizmente essa geração pôde conquistar o maior título do futebol, seria um pecado jogadores como os citados não terem a maior glória em seu currículo.

O futebol italiano tem sofrido bastante com escândalos de manipulação de resultado, algo que rendeu perda de pontos para vários clubes e até o rebaixamento da Juventus. Eis que depois de todo o escândalo surgiram denúncias recentes. O atual técnico da Juventus, Antonio Conte e o zagueiro do Zenit - RUS Domenico Criscito são os nomes mais famosos supostamente envolvidos. Ambos negam, Criscito foi cortado da seleção que disputará a Euro 2012 pelo fato de estar sendo investigado. O zagueiro, que também faz a lateral esquerda esbravejou dizendo que não vai servir de bode expiatório, que não aceita ficar de fora. No entanto, por mais que ele se revolte, a time já está pronto e há quatro dias do início nada deve mudar.

Como se não bastassem os problemas de manipulação, há também um evidente problema de estrutura no futebol italiano. Com estádios ultrapassados ou até mesmo gélidos, pela distância da torcida do gramado, entre outros fatores. E a queda no ranking da UEFA mostra que tudo o que vem acontecendo de negativo só vem empobrecendo o futebol do país cada vez mais! Já não surgem jogadores do nível dos citados no começo do texto. A queda no ranking fez o país perder uma vaga na Champions League, hoje apenas os dois primeiros se classificam direto para a fase de grupos, o terceiro ainda precisa passar por uma fase preliminar. A vaga perdida pelos italianos agora pertence aos alemães, que passaram para a terceira posição no ranking e no ritmo que vão indo devem assumir a segunda posição em breve.

O fracasso italiano em na Copa de 2010, ficando em último num grupo com Nova Zelândia, Paraguai e Eslováquia deixa claro como o fundo do poço foi alcançado. É hora de buscar mudanças, tentar outras alternativas. A Juventus demoliu o inóspito Delle Alpi e edificou em seu lugar o Juventus Stadium, com capacidade para pouco mais de 40 mil pessoas. O estádio antes vazio, atualmente vive lotado e a torcida está muito mais próxima do time. Ainda falta muito para ser mudado, é uma questão também de mentalidade. A Itália tem tentado mudar seu estilo de jogo, que sempre foi marcado por defesas sólidas e contra-ataques rápidos. Prandelli busca armar um time mais ofensivo, os italianos ainda não perceberam que fugir de suas origens não está dando certo. É um processo parecido com o da Seleção Brasileira, que além de se renovar vem tentando voltar à origens perdidas.

A tentativa de mudança também é pelo fato de os maiores talentos do futebol italiano atualmente serem ofensivos. E quem mais se destaca nesse sentido é Antonio de Natale, aos 34 anos essa deve ser sua última grande competição com a camisa da seleção. Vive grande fase e mantém uma regularidade bem positiva nos últimos anos. Antonio Cassano se recuperou de um AVC (acidente vascular cerebral) e de uma cirurgia no coração e vestirá a camisa 10 no Europeu. Da geração campeã Mundial em 2006 só restaram dois nomes, Gianluigi Buffon e Andrea Pirlo, ambos serão de fundamental importância para que a Itália faça um campeonato à altura de suas tradições. A dupla de zaga é muito boa, Bonucci e Chiellini se firmaram, no meio campo Daniele de Rossi é um dos maiores destaques. Christian Maggio se firmou na lateral direita, pela esquerda, com o corte de Criscito, Federico Balzaretti foi convocado para seu lugar e deve ser titular.

Apesar de ser destro, Balzaretti já atua nessa função há anos, se não consegue apoiar com desenvoltura, ao menos cumpre bem seu papel defensivo. Mas Prandelli pode optar também pela potência física de Angelo Ogbonna, o filho de nigerianos se destacou no Torino, que está de volta a Serie A e vestirá a camisa 4.
Outro descendente de africanos de quem a torcida italiana espera muito é Mario Balotelli, que é polêmico e tem um talento nato para arrumar confusão. O problema de "Super Mario" é pensar jogar mais do que joga,   seu talento com jogador é nítido. Apenas não é o super-craque que pensa ser, é um jogador que provoca, sempre com um ar de superioridade. Aos 21 anos, e depois de irritar bastante Roberto Mancini (seu treinador no Manchester City) e de ser ameaçado de ficar fora da Euro por Prandelli, ele resolveu se comportar. Deu declarações de que essa Euro é a grande chance de sua carreira, para se firmar e deslanchar de vez. Se colocar as ideias em ordem, pode até ser que venha a se tornar um craque. O descendente de ganeses vestirá a camisa 9 da Itália.

Uma ausência bem sentida nessa Euro será de Giuseppe Rossi, um dos grandes talentos recentes do futebol italiano. Nascido em Nova Iorque, o baixinho canhoto fará muita falta ao time, com suas arrancadas e dribles desconcertantes. Giampalo Pazzini é outro que era convocado com regularidade mas acabou fora da lista final. Alessandro Diamante foi a maior surpresa, assim como Ogbonna, estava jogando a segundona. Outros bons nomes dessa seleção são Fabio Borini, Sebastian Giovinco e Emanuele Giaccherini. O primeiro pertence ao Chelsea, e há duas temporadas foi fundamental para o Swansea chegar à primeira divisão na Inglaterra. Borini fez gols muito importantes pelo time galês. Giovinco, apelidado de "formiga atômica" pela baixa estatura e a cabeça grande, nunca se firmou na Juventus, no Parma tem sido mais que fundamental. Giaccherini apareceu bem no Cesena, se destacou tanto no modesto time que acabou se transferindo para a Juventus. Aos 27 anos, chegou tarde a um time grande expressão, o baixinho de apenas 1,67 m é uma boa arma pelo lados do gramado.

Algumas faixas com os dizeres: "Não existe um negro italiano" foram vistas em estádios, mas sempre existem interesses que abafam tais acontecimentos. Fato é que a realidade italiana é que um negro é o melhor jogador do time, tecnicamente falando. Ao olhar o elenco, não se vê ninguém com a qualidade do polêmico atacante Balotelli. Como já foi dito, o problema é a cabeça, futebol ele tem de sobra. Fato é que se a Itália for bem ninguém vai se lembrar que existem dois negros no elenco. Tomara que ao menos consigam fazer um campeonato digno, para deleite daqueles que estão ansiosos para acompanhar a competição.


Nenhum comentário:

Postar um comentário